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94 km de moda de viola

Meio século depois de sair do campo, José Alziro conta suas histórias

Alziro no Caraá, sua terra natal, exalando felicidade e juventude | Foto: Bárbara Machado

Com a promessa de conseguir emprego na cidade, José Alziro da Silva saiu com 25 anos do interior de Santo Antônio da Patrulha em direção a Gravataí, totalizando 94 km de distância. A vida no campo era bem difícil, então o jovem não pensou muito e aceitou o convite de seu amigo para morar na casa de sua família. Logo, em 1970, deixou sua cidade natal de carroça, levando nove horas de viagem para chegar ao destino.

Aos 75 anos de idade, José mora em Alvorada, com sua única filha e, mesmo aposentado, não gosta de ficar parado. Por ser uma pessoa bem conhecida no seu bairro e na Paróquia Nossa Senhora da Saúde, igreja em que participa, dedica-se sempre em ajudar o próximo, tanto em pastorais religiosas quanto em trabalhos manuais. Além disso, é apreciador de sertanejo raiz e leva a vida como se ela fosse uma moda de viola, que é uma categoria da música caipira brasileira, com grandes versos e histórias.

Sendo o mais velho de uma família com oito irmãos, Alziro precisou assumir muitas responsabilidades. Dentre elas, trabalhar todos os dias bem cedo com o pai na roça. “Me criei desde oito anos trabalhando na enxada, sendo o braço direito dele no campo”, lembrou. “Eu capinava, plantava, cuidava dos animais e dos meus irmãos, até que fiquei um pouco mais velho e encerrei a carreira de colono”.

Mesmo tendo uma juventude difícil, muitas vezes passando até fome ou comendo muito pouco para deixar para os irmãos mais novos, José não sente nenhum pesar dessa época de sua vida. “Foi muito bacana, nunca deixei de trabalhar, porque isso não mata ninguém, só ajuda”, afirmou. E sempre que possível, pelo menos uma vez ao ano, José volta às suas raízes para encontrar seus parentes e amigos em Santo Antônio da Patrulha. Segundo ele, é sempre recebido com muito amor, por estar rodeado de pessoas, acredita que está cumprindo a sua missão.

Com quinze anos, precisou enfrentar uma das piores sensações da vida: a perda de alguém que amava. Seu irmão mais novo saiu com a mãe, em um final de semana, para a casa de um amigo na beira do rio. Ele, com apenas cinco anos, caiu na correnteza e foi encontrado morto só à noite, cerca de seis horas depois do ocorrido. “Era meu parceiro de roça, apesar de só ter cinco anos”, lembrou com a voz tremida.

Recordando suas histórias, ao longo da entrevista em sua casa, Alziro possuía um olhar de saudade. Não do tipo melancólica, mas sim por gratidão à suas lembranças. Por ter passado por coisas tão duras, ele aprendeu a enxergar a vida de outra forma.

Já na escola, como precisava trabalhar para ajudar a sustentar a família, José não conseguiu se dedicar aos estudos e cursou até a terceira série. Entretanto, aos 51 anos, com apoio da sua segunda esposa, voltou para concluir e se formar. Estudar de dia e trabalhar à noite ficou difícil com a chegada de sua filha, então, mais uma vez, Alziro se viu obrigado a renunciar a sua formação.

O que ele não esperava era que sua professora e seus colegas sentiriam a sua falta e iriam se organizar para buscá-lo em casa, para não desistir de concluir pelo menos o Ensino Fundamental. “Quando eu menos esperei, toda turma estava lá”, contou. Incentivado, voltou e conseguiu concluir mais esse desafio em sua vida. “Sem estudo era difícil, então não me arrependo. Eu era trabalhador e sou até hoje” disse ele, com muito orgulho.

De moldador, pedreiro, porteiro e marceneiro totalizaram 35 anos de carteira assinada, fora o tempo que trabalhou como autônomo. Em seu último emprego, ficou cinco anos em uma empresa terceirizada de estacionamento, na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, em que se aposentou para cuidar de sua filha.

Sentado ao sofá, bebendo sua Coca-Cola, observando o cachorro querendo brincar com a bola e ouvindo o canto dos pássaros, concordou em participar dessa experiência. Antes, Alziro estava bem receoso em dar a sua primeira entrevista. Mas ao longo da conversa, foi se mostrando muito mais confortável ao contar as suas histórias.

Uma camiseta estilosa, uma bermuda jeans e um tênis confortável faz parte do seu “look do dia”. Sempre atento às novidades, aprendeu a navegar na internet e está sempre online no WhatsApp. O jovem de 75 anos, que se sente mais garoto do que qualquer guri de 21, dá a lição que a idade está nos olhos de quem vê e da moda de viola que se ouve.

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