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Os limites entre consumo e entretenimento

por Júlia Câmara

A pandemia de Covid-19 em 2020 impôs uma situação sem precedentes à população mundial. Com o risco de contágio iminente e as crescentes taxas de mortalidade da doença, a medida tomada por grande parte dos governantes mundiais foi incentivar a população a se recolher em seus lares e evitar saídas desnecessárias. Durante vários meses, para grande parte da população mundial, o contato entre as pessoas se estabeleceu por meio das redes sociais. Impossibilitados de realizar atividades corriqueiras, a internet teve um papel prevalente na vida de grande parte da população nesse período, mais ainda do que em tempos normais. Segundo uma pesquisa realizada pela agência de consultoria Kantar, o engajamento em redes sociais teve um aumento de 61% durante o isolamento social em relação ao uso antes da pandemia.

O lazer é um dos direitos do ser humano e possui benefícios para a saúde. Nesse contexto de incertezas, as formas de entretenimento online se mostraram muito presentes no cotidiano de isolamento. Entretanto, a máxima do capitalismo é o consumo, e, inseridos numa sociedade capitalista, o lazer também é uma forma de influência do consumo. Mesmo em tempos normais, é uma tarefa árdua escapar do lazer atrelado ao consumo, porém, durante a pandemia, foi possível enxergar essa influência mais explicitamente.

O Instagram, por exemplo, foi criado como uma plataforma para o compartilhamento de fotos e foi muito bem recebido e assimilado por parte considerável da população com acesso à internet. Comprado pelo Facebook, ao longo dos anos aumentou suas possibilidades de uso. O compartilhamento de fotos, em sua gênese, era algo como um diário pessoal em imagens. Atualmente o aplicativo está mais próximo de uma vitrine que tanto expõe objetos de desejo para o consumo, quanto exibe vidas a serem admiradas. Isolados e dependentes de contato durante o distanciamento social, o instagram (e outras redes sociais) se mostra como uma janela para o mundo externo do qual fomos privados.

De forma bem explícita, uma mudança de layoutrecente do Instagram deixa clara as prioridades da empresa. Anteriormente, a interface antiga do aplicativo tinha como menu inferior os seguintes ícones: homepage, pesquisar, criar uma publicação, curtidas e visualizar seu perfil. No canto superior direito havia o ícone para visualizar suas mensagens privadas. Em resumo, a partir do menu era possível acessar todas as funções do aplicativo. Há alguns meses, dentro da aba de pesquisa, o Instagram incorporou as funções de compra e venda ao aplicativo. A mudança ocorrida em novembro de 2020 rearranjou toda essa configuração. No menu inferior, agora estão organizadas os ícones: homepage, pesquisar, criar um reel, compras no aplicativo e visualizar seu perfil. As funções de criar uma publicação e curtidas foram colocadas ao lado das mensagens diretas, no canto superior direito. Essas mudanças podem ser observadas abaixo.

Imagem: interface antiga (esquerda) e interface nova (direita).

Essa mudança exibe duas intenções: o desejo de desbancar outro aplicativo e dar destaque ao ambiente de compras virtuais. O reels é uma ferramenta muito similar ao principal produto de outro aplicativo: os vídeos curtos do TikTok. Ao expor de forma central a função de criação de reels, o Instagram deixa bem explícita a intenção de assumir a função de seu novo concorrente. Já na substituição do ícone de curtidas pelo da loja, há um afastamento do caráter humano do aplicativo, o aspecto pessoal das funções. Na aba de curtidas você poderia conferir quais dos seus seguidores curtiram suas publicações, além de poder ler os comentários deixados nestas. Ao substituir pela aba da loja online, o contato deixa de ser entre pessoas e se torna entre consumidor e estabelecimento. As curtidas eram a força do aplicativo em sua gênese, eram o contato entre pessoas. Substituindo os ícones, na posição exata anterior, os usuários continuam repetindo velhos hábitos, caindo numa área que não era a inicialmente desejada. Essa mudança é uma forma de manipulação dos usuários. Ao utilizar um movimento familiar, a pessoa acaba sendo forçada a conhecer a funcionalidade nova do aplicativo, uma influência de consumo.

Durante o isolamento social, onde o convívio entre pessoas é reduzido e as redes sociais são uma das formas mais utilizadas para o contato, o Instagram se mostra como um mecanismo de atenuação dos limites entre o entretenimento e o consumo. A sua recente mudança de interface foi uma forma de utilizar o habitual para incentivar explicitamente seus usuários a consumirem.

HAN, BYUNG-CHUL. Sociedade da transparência. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.

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